quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Clubes pedem justiça por Mari Ferrer

por Mariana Dias


A expressão “estupro culposo” foi oficialmente inventada no dia de hoje, 3 de novembro de 2020, para inocentar um homem branco e rico que estuprou Mariana Ferrer em 2018. O absurdo do caso deixou grande parte da população brasileira indignada, que lotou as redes sociais com o protesto de que estupro culposo não existe. Nesse cenário, muitos artistas e influencers tomaram voz e usaram de seu local privilegiado de fala para se posicionar a favor da vítima, dentre eles clubes de futebol e alguns jogadores. Bandeiras já muito conhecidas, como Corinthians, Chapecoense, Botafogo, Grêmio, Cruzeiro, Internacional e Palmeiras, por exemplo, pediram justiça por Mari Ferrer nas redes sociais e, nesse ato, levantaram uma nova e muito importante bandeira: a que condena a cultura do estupro tão alimentada pelo futebol.



Outro clube que se juntou aos gritos de indignação em relação ao caso de Mariana foi o Santos, que recentemente foi parte de uma grande polêmica envolvendo a contratação de Robinho, jogador acusado e condenado por estupro na Itália, mas que não cumpriu sentença. Sabemos que a violência contra a mulher é naturalizada pelo homem comum no Brasil, mas uma vez que esse homem é rico, famoso e idolatrado, como é o caso de muitos jogadores de futebol, ele acaba pensando que nada lhe pode ser negado. É assim que o espaço ocupado pelas mulheres dentro do mundo do futebol é limitado ao de sexualização e inferiorização, notado, entre outros exemplos, pela constante diminuição do futebol feminino. 


Nesse cenário, o posicionamento feito pelos clubes pedindo justiça por Mari Ferrer é um ganho imenso ao futebol. É com atos assim que podemos esperar mudança no que o futebol compreende por estupro atualmente, para que casos como o de Robinho não voltem a acontecer. Para que o jogador influente, rico e quase sempre branco entenda que “não” é “não”. Para que termos como “estupro culposo” não sejam inventados. Para que Mari Ferrer e tantas outras encontrem justiça e respeito.








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