domingo, 5 de novembro de 2017

À Esquerda do Calcio: torcidas italianas que você precisa conhecer


Os ultras Ingrifati do Perugia


Cada vez mais a política e o futebol tem se misturado, seja dentro das quatro linhas, como foi com Sócrates, Afonsinho e Reinaldo, seja na arquibancada, como o Movimento Popular Coral (Santa Cruz-PE), SPFC Antifascista (SP), Palmeiras Antifascista (SP), Coletivo Democracia Corinthiana (SP), Ultras Resistência Coral (Ferroviária-CE), Brigada Marighela (Vitória-BA) e muitos outros movimentos de torcedores que tem como bandeira, além das de seus times, as bandeiras progressistas da inclusão, liberdade e igualdade. 

Inspirados por esses movimentos de esquerda e pela curiosidade que despertou mapa (veja abaixo) feito pela Polizia di Prevenzione, que mostra a orientação ideológica das torcidas italianas, nós do Futebolistas & Futeboleirxs, iremos nas próximas postagens trazer um pouco mais de informações sobre alguma delas:



  • Fedayin (Roma)
  • Brigate Nero Azzurre (Atalanta)
  • Fossa dei Leoni (Milan)
  • Ottavio Barbieri (Genoa)
  • Brigate Autonome Livornesi (Livorno)
  • Freak Brothers (Ternana)
  • Fabio Group (Vicenza)
  • Ingrifati (Perugia)
  • Ultras Ancona (Ancona)
  • Rude Fans (Venezia)
  • Ultras Granata (Torino) 
  • 20 Club (Fiorentina)



(clique na imagem para ampliar)


Para ler o mapa, "Sinistra" significa "esquerda", e "Destra" significa "direita". 

Você notará que alguns clubes têm dois ou mais grupos de apoio de alinhamento ideológico, distintos ou não, podendo abraçar um espectro político de pensamento que vai da extrema-direita (bola grande preta), direita, esquerda e extrema-esquerda (bola grande vermelha). Sem dúvida, isso faz com que acirrem as rivalidades, entre clubes e entre os torcedores de uma mesma equipe. A torcida que possui seu nome com o fundo preto são violentas ou perigosas e oferecem algum tipo de perigo segundo a polícia. A esquerda conta com 19% dos torcedores nas arquibancadas, 25% dizem se identificar com ideologias características da direita e os outros 56% se consideram sem posicionamento político. 

O mapa diz também algo sobre a estratificação partidária que marcou a sociedade italiana desde a Primeira Guerra Mundial. Em 1922, Benito Mussolini organizou a “Marcha sobre Roma”. Contando com cerca de 50 mil “camisas-negras” o movimento fascista forçou a deposição do rei Vitor Emanuel III, iniciando um projeto capitalista-imperialista que conduziriam a Europa ao início da Segunda Guerra Mundial. Um pouco antes, em 1921, é fundado o Partido Comunista Italiano, liderado por Amadeo Bordiga e Antonio Gramsci, em Livorno, e que se tornaria uma das frentes de luta contra o regime fascista. 

Para se ter um exemplo, Mussolini se aproveitou do bicampeonato mundial da Azzurra para promover o seu regime ditatorial ao mundo. Também utilizou os clubes de várias regiões para transmitir as mensagens do fascismo, podendo assim se espalhar com mais facilidade a toda a Itália. 

Recentemente torcedores da Lazio colaram adesivos da menina Anne Frank, morta pelo nazismo, vestida com a camisa da rival Roma. E é para barrar o avanço da intolerância, do racismo e da xenofobia na Itália e no mundo, iremos nos ater somente as torcidas que prezam pelos ideais de igualdade e liberdade.








2 comentários:

  1. Bela matéria. Já tive o prazer de assistir a um jogo na Curva Nord, junto à grande Brigate Autonome Livornesi... emoção antifascista!

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