quinta-feira, 2 de novembro de 2017

O Triângulo da Fraternidade entre Marselha, Livorno, e AEK


Torcida do AC Omonia do Chipre, também aliada ao AEK


O Triângulo da Fraternidade é a união de três torcidas antifascistas do Commando Ultras 84, Brigate Autonome Livornesi 99, Original e 21, respectivamente dos times Olympique de Marselha, Livorno, e AEK de Atenas. Esta aliança de torcedores de esquerda tem como objetivo promover campanhas antifascistas e também combater o racismo nos estádios da Europa.

A torcida do AEK [1] é conhecida por ser formada por descendentes de refugiados da famigerada troca compulsória de populações entre a Grécia e a Turquia, consequência da Guerra de 1919-1922. Criada a República da Turquia, houve um acordo entre ambos os países onde foi realizada a troca entre os gregos ortodoxos da Turquia e os cidadãos muçulmanos da Grécia. Vale lembrar que milhares de gregos ortodoxos, habitantes da Anatólia na atual Turquia, moravam na região desde o império bizantino sendo obrigados a se retirar compulsoriamente do território de seus ancestrais. Na Capadócia, por exemplo, há vilarejos gregos desde a época de Bizâncio, onde pessoas se refugiavam embaixo da terra contra invasões inimigas e construíram fantásticas igrejas esculpidas dentro de cavernas. No início do século passado, estes gregos da Turquia foram obrigados a se retirar e tiveram que reiniciar uma nova vida na Grécia, sofrendo preconceitos de seus pares.



Livorno [2], na região da Toscana, é conhecida como a cidade símbolo da resistência ao regime fascista de Benito Mussolini. O Partido Comunista Italiano, por exemplo, foi fundado pelo marxista Antonio Gramsci na cidade. Historicamente, a maior parte dos moradores da cidade são de tendência esquerdista e com os torcedores do Livorno Calcio não poderia ser diferente.


Fundado em 1915 por trabalhadores portuários, o clube carrega desde sua fundação a fama de sua torcida. Bandeiras com a foice e martelo, faixas com o rosto de Che Guevara e cantos como “Bandiera Rossa”, a famosa canção do movimento operário italiano são tradição no Stadio Armando Picchi. O clube já revelou diversos jogadores de destaque como, por exemplo, Chiellini, Benascia e Lucarelli. Este último é um grande ídolo da equipe grená. Nascido na cidade de seu clube de coração, se destacou não só pelos gols marcados, como também pela postura extra campo. É um dos fundadores da torcida organizada do Livorno, e leva consigo a ideologia comunista. Certa vez, ao comemorar um gol pela seleção italiana sub-21, exibiu uma camisa de Che Guevara. Sofreu forte repreensão e nunca mais foi convocado pela Azurra.


Reconhecida por seu engajamento, a torcida do Marseille [3], na época dos atentados em Paris, além do mosaico com um coração e a bandeira francesa, os presentes ainda estenderam uma faixa que dizia: “Por nossas liberdades”. E o hino francês, a tradicional Marselhesacanção adquiriu grande popularidade durante a Revolução Francesa, foi cantada com força pelo público. Manifestação importante diante do clima vivido na França, e que se faz ainda mais notável em uma cidade marcada pela forte presença de imigrantes. Marselha conta com uma das maiores comunidades de árabes da Europa, da qual saiu, por exemplo, Zinedine Zidane.
Atualmente o Livorno disputa a terceira divisão italiana, a Série C. Está em primeiro lugar com, 26 pontos em dez jogos disputados. Olympique de Marselha e o AEK Atenas estão disputando a Liga Europa. O time de Marselha no Grupo I, está em segundo lugar atrás do RB Salzburg. Situação parecida com a do time ateniense, segunda posição no Grupo D, dois pontos a menos que o Milan.




fonte: [1] https://xicomalta.wordpress.com/
[2] https://cenaslamentaveis.com.br/lazio-x-livorno-o-classico-ideologico/
[3] http://trivela.uol.com.br/torcida-do-olympique-de-marseille-fez-um-mosaico-especial-para-as-vitimas-dos-ataques-em-paris/



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